A Aldo, the Band é, em sua origem, um duo formado pelos irmãos André e Murilo Faria. O nome vem em homenagem ao tio da dupla e suas histórias únicas. O som? Uma mistura de batidas eletrônicas, sintetizadores, uma guitarra e um punhado de histórias com rachas, prostitutas e álcool na companhia do tio. O que isso resulta? Uma banda madura e criativa, apontada por muitos como a esperança da música eletrônica nacional.
O Aldo lifestyle, influência no nome e no som da banda, não existe mais. O tio dos caras virou evangélico, mas os sobrinhos entregam tudo no primeiro (e, por enquanto, único) disco da dupla. Com elementos de punk, indie, rock alternativo e eletrônico, os irmãos Faria mantém a história do passado louco dos tios vivo da maneira que a gente mais gosta - com música.
Para explicar um pouco sobre a formação da banda, a relação entre os dois irmãos, planos para o futuro e outros assuntos, conversamos com o Murilo, responsável pelos sintetizadores da dupla. Confira:
Como veio a ideia de formar a banda?
Cara, a ideia de formar a banda veio muito sem querer. Eu e meu irmão estávamos sentados em um bar lembrando das histórias do nosso tio Aldo, e como um tinha o outro como testemunha (e, realmente, as histórias malucas eram verdadeiras), nós pensamos "cara, a gente precisa contar isso para o mundo". E como eu já estava fazendo alguns experimentos com sintetizadores e bateria eletrônica, ele ouviu e na hora montou uma melodia e já saiu a banda.
E quanto ao nome, vocês já ligaram inicialmente a banda ao tio, ou a escolha ocorreu após a formação do grupo?
Eu acho que veio tudo ao mesmo tempo, porque ao mesmo tempo em que estávamos começando a relembrar o nosso passado, meu irmão já tinha um outro projeto que eu participei também... Então é difícil dizer o que veio primeiro, se o ovo ou a galinha... os dois vieram ao mesmo tempo.E o tio de vocês já ouviu a banda? Gosta, acompanha...? E como foi a resposta dele quando descobriu que a banda dos sobrinhos tinha o nome dele?
Então, na verdade a nossa mãe, dona Sandra, proibiu o projeto porque ele mexia com o passado, e era um passado relativamente negro, mas o poder de veto não era dela, era do nosso tio. Então chamamos ele pra um jantar, mostramos o som, explicamos pra ele como era o projeto. Ele pediu pra ouvir mais uma vez e nós ficamos meio que em pânico, porque se ele não aceitasse seria difícil pensar em outro nome. Inclusive pensamos em colocar o nome da banda de Nelson, devido a uma música nossa chamada 'Mr. Nelson', mas não, tinha que ser Aldo. Aí nosso tio ouviu novamente e disse "deixa os moleques se divertirem, Sandra"... ele adorou! Mas aí ele não pode ir nos shows por causa da religião, mas ele acompanha. Nós dormimos semanalmente com nossos pais e sempre vamos lá atualizar ele do que tá rolando.
Vocês estão agora com mais 2 integrantes na banda. Eles são só "músicos de apoio" ou já participam do processo de composição da banda?
Ãhn... é misturado. Na verdade, não tem uma regra. Nos ensaios tem saído muita coisa legal com todo mundo, coisas que já gravamos. Tem saído muita coisa bacana com o pessoal da banda, todos são excelentes músicos.
Eu sei que é um pouco difícil separar o público em dois nichos, mas vocês têm feito mais sucesso como banda, em shows e festivais, ou como duo eletrônico em festas?
Se formos fazer uma média desse ano, nós tocamos bastante em festivais e vamos tocar ainda mais. Acabamos de voltar do Bananada, vamos tocar em outros dois festivais importantes, estamos fechando com o terceiro... só que nós também já tocamos muito em festas. Nós fomos agora pra Florianópolis como dupla de DJ's, no MECA foi assim também... Enfim, estamos rodando com todos os projetos, quem quiser, só chamar.
Em relações entre irmãos sempre acaba ocorrendo brigas, e elas chegaram até a atrapalhar a banda. O que vocês fazem hoje pra que isso não afete a banda novamente?
Então, agora a gente montou aqui no nosso estúdio um pequeno ringue de boxe, então toda vez que acontece uma briga, a gente nem discute, cada um coloca suas luvas e aquele protetor de boca, sobe, se estapeia no ringue e aí tá tudo resolvido já.E aproveitando o assunto, a banda mais uniu vocês, como família, ou mais separou, já que de tanto estarem juntos trabalhando, nas horas livres querem uma certa distância um do outro?
Então, na verdade meu irmão é um cara insuportável. A gente briga muito, dá vontade de sempre dar um nocaute no boxe. E nós sempre fomos unidos. Eu até tava conversando com a banda esses dias, que banda é acima de família, é quase um casamento, e, como todo casamento, a gente tem que administrar. Eu ouvi um humorista falando que se você nunca teve vontade de estrangular sua mulher, você nunca esteve realmente apaixonado por ela. E é isso, então a gente tem que aprender a lidar. É difícil, mas a gente vai em frente, porque é o melhor (risos).
Vocês já pensam num próximo disco, ou ainda estão focados em trabalhar no anterior e nos remixes que vocês lançaram?
Na verdade, a gente não tá conseguindo parar agora, tá muito corrido, muitas viagens. Mas a gente já tá com algumas músicas compostas, e a ideia é lançar um novo disco ainda esse ano, e a gente tá na correria e ao mesmo tempo trabalhando bastante os shows, sabe? A gente quer dar um upgrade no nosso show ao vivo, então a gente não tá parando. Estamos dando tiro pra tudo quanto é lado mesmo.
E como é a pegada dessas novas músicas? É na mesma linha de Is Love ou podemos esperar um outro lado da banda?
Ele ainda tá tomando corpo, então é difícil de falar, sabe? É a primeira vez que eu tô falando assim abertamente sobre o segundo disco, e ele ainda tá tomando uma cara. Talvez tenham alguns elementos do primeiro, mas a gente também tá trazendo algumas outras influências um pouco diferentes.
Recentemente, cresceu a onda de músicas eletrônicas com letras em português. Pode rolar uma música ou CD de vocês em português, ou vocês pretendem continuar com o inglês?
Na verdade, saiu em inglês porque saiu em inglês, não foi nada planejado. A gente tentou fazer em português e não rolou. A gente, no fundo, não pensa nisso. A gente já pensou em letras em espanhol, porque achamos bem musical, meu irmão tá aprendendo francês, então não tem regra, se rolar, rolou. Por enquanto, o que saiu foi em inglês e uma em "portunhol", digamos.
Como deu pra ver, o novo disco deles vai sair ainda esse ano e promete ter novas influências e, portanto, um som diferente. Mas, enquanto o álbum não é lançado, fiquem com In Love e, caso curtam, acompanhem a banda pelo site oficial e pelo facebook. Nós ficamos no aguardo de um show do Aldo em Porto Alegre.