ENTREVISTA: Detonautas

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A banda Detonautas Roque Clube, popularmente conhecida por Detonautas, sempre foi uma grande defensora de mudanças no governo e na sociedade. Para continuar mobilizando e conscientizando as pessoas, em meio aos protestos realizados em todo o Brasil, lançaram a música com clipe “Quem é você?”, composta pelo vocalista Tico Santa Cruz em 2012. Conversamos um pouco com ele, que nos contou o que pensa sobre os protestos, a gravação do novo CD e muito mais. Confira:

Vocês sempre criticaram muito o governo em shows e músicas. Como vocês vêm os protestos que acontecem por todo o Brasil? Vocês acreditam que agora o país finalmente vai mudar?
Criticamos OS GOVERNOS e não apenas o Governo atual. O Político brasileiro em geral não tem compromisso com as questões de suma importância para a população, pois estão comprometidos com interesses da iniciativa privada em benefício próprio. Nós já abordamos estas questões desde o primeiro disco e nossos shows sempre tiveram além do entretenimento o caráter ilustrativo de inserir temas políticos para os fãs. O Brasil não mudará séculos de atraso em menos de cinquenta anos, mas só de termos uma população que já entendeu que através da inciativa popular de pressão nas ruas podem fazer com que as mudanças comecem a acontecer, já é um primeiro passo.
Quanto tudo começou vocês imaginavam que a Detonautas Roque Clube faria tanto sucesso?
Nós sempre desejamos tocar para grandes públicos e não para guetos apenas. Sempre tivemos uma postura aberta para levar o nosso som e nossas mensagens ao maior número de pessoas. Então objetivamos e nos determinamos a conquistar nossos espaços.
Nunca foi fácil e o que as pessoas consideram sucesso, nós consideramos um plano de longevidade. A longevidade é o sucesso. Estourar uma música nas rádios e estar na boca do público é sempre bom para qualquer artista, difícil mesmo é manter um público fiel e crescente ao longo de tantos anos. Essa é nossa ambição. 
Como está sendo a gravação do novo CD? Quando ele deve ser lançado? 
Fizemos um método totalmente alternativo e que deu muitos bons resultados.
Desde 2011 estamos lançando músicas pela internet e disponibilizando o download gratuito para os fãs.
Em paralelo, escolhemos algumas músicas para que possamos trabalhar nos veículos de comunicação. Com isso já conseguimos trabalhar dessa leva de inéditas 4 músicas nas rádios e certamente conseguiremos mais.
Quantos artistas atuais conseguem pegar de um disco mais de 3 músicas para trabalhar no modelo tradicional? Muito poucos. Nós quebramos um paradigma e conseguimos dar uma vida mais longa a esse trabalho que ainda está em construção.
Mas em breve lançaremos em disco físico. 
Como foi a gravação de “Quem é você?” Quem teve a ideia da música?
Gravamos o clipe em uma madrugada. Foi tudo muito rápido e com o objetivo, sim, de aproveitar o momento em que as pessoas estão tratando de política em seus cotidianos. A diferença é que nós já abordamos estes assuntos há muitos anos, enquanto que tem gente que nunca falou ou se posicionou sobre o tema e resolveu embarcar. Tudo bem. Melhor ainda, assim observamos que o mercado possa se abrir para canções que tratem de outros assuntos que não só fracassos afetivos, bebedeiras, baladas, e estímulo para que as pessoas fiquem de quatro dançando.
A música foi composta por mim em 2012 e caiu como uma luva nesse momento. Torço para que as coisas mudem e a música se torne apenas um registro de uma época, mas como no Brasil é difícil mudar os paradigmas, pode ser que daqui há 10 anos ela ainda faça muito sentido.
 Como foi continuar com a banda após o falecimento de Rodrigo Netto? 
Uma questão de manter nossa sanidade mental e a sobrevivência do espírito que nos uniu. 
Da onde vem a influência e a inspiração para a banda continuar com um estilo tão próprio e continuar fazendo tanto sucesso?
Do fato de não seguirmos modismos e nem estarmos atrelados a fórmulas de bolo transcritas por empresários. 
Como vocês acham que está o rock no Brasil hoje?
Em desenvolvimento. Estamos na espera de que a monocultura se esgote e que as pessoas passem a ouvir novamente o que o rock se propõe a fazer. 
A  música “Eu nunca mais vou sem cueca para a praia” é muito divertida e muito comentada ainda. Ela relata algum momento embaraçoso que algum dos  integrantes da banda passou?
Sim. Em meados de 1995 passei por uma situação parecida e junto com meu amigo Thiago Mocotó compus essa canção. Na época era o que estava vivendo e escrevendo, mas hoje, com 36 anos, já sei me comportar melhor em situações parecidas. 
No site da banda você encontra mais sobre eles, como a loja, a agenda e as músicas. Há também uma matéria contando tudo sobre o single "Quem é você?".

Yasmin Ertel

Diretor-geral

Estudante de jornalismo, fotógrafo e videomaker por paixão. Sempre gostou de música e nunca soube tocar nada, então escreve e produz sobre para fomentar o cenário.